segunda-feira, 21 de dezembro de 2009

Natal!



Pois é, mensagens chegam de todos os lados, por diversos meios, nestes tempos de Natal. E eu não sei o que responder, todas as palavras já foram usadas, algumas abusadas, muitas delas gastas.


Não estou rejeitando  a tradição natalina, tampouco desmerecendo as intenções, mas espero, há muito, que os melhores sentimentos não precisem mais ser lembrados, que sejam definitivamente incorporados aos nossos espíritos e se revelem em nossos atos.


Proponho que se comece pela compaixão, sentir com é o melhor caminho para se conquistar a harmonia com tudo o que envolve o ato de viver.
Se assim fosse, não teríamos o triste espetáculo da COP, pontuado pela arrogância e pela politicagem cega e surda aos apelos da Terra.


Feliz Natal e muita compaixão para todos nós, pelo resto de nossas vidas! 

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quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

Dezembranças



         Mais um Dezembro que chega, de repente, anunciando a urgência em se resumir o ano em festas, uma forma de minimizar a frustração ao se constatar que o tempo escorreu pelo calendário, sem que tivéssemos tempo de realizar a vida, tal como a sonhamos nos primeiros dias de janeiro.
São as dezembranças a quebra de rítmo para esfriar o jogo e provocar um hiato na realidade.  
         É quando, de uma hora pra outra, toda a cena se enfeita, cores e luzes se multiplicam em efeitos mágicos, tão mágicos como a história do menino salvador contada em cenas de presépios estrelados, tão mágicos como os Papais Noeis que sempre retornam, pois que são os guardiões das promessas e das doces memórias de infância.
        Em Natais, tomados de encantamento, somos correntes humanas de esperança e, sentimentos à flor da pele, vestimos pele de gente, deixamos o carinho acontecer.
         E, até que os festejos de Ano Novo nos remetam ao day after, somos mágicos também, tiramos muitas cartas da manga, iludimos a realidade para não morrer de concretude... 

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domingo, 29 de novembro de 2009

Fluxo Constante

 
"Fluxo constante, 
pensamentos chegam como borboletas..." 
"Even Flow" - Pearl Jam 

A questão é: Decifra-os, ou eles te devoram!

domingo, 15 de novembro de 2009

Fênix


Busco a abertura das esferas,

- quero-as largas ao nascimento -

num constante despir-se de útero

para renascer em novas peles

- tantas quantas puder incorporar-

e desfrutar das infinitas possibilidades

que o universo oferece.


Busco o privilégio do silêncio,

- a quietude -

- a paz -

para fertilizar o espírito,

parir inspirações

- que me vestem asas

e me permitem transitar em dimensões outras -

sem as quais a vida se esvazia,

não se explica...



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domingo, 8 de novembro de 2009

Em Terras Lusitanas

E lá se foi, além-mar, Lily, cheia de sonhos típicos de quem vai reinventar a vida.
Arte na bagagem, muita idéia na cabeça e histórias, memórias de passados, algumas boas, outras nem tanto, mas todas as que precisou viver para ser quem é, aguerrida e assustadoramente obstinada, como só o são os vencedores.
Por aqui, deixou objetos-afetos do seu cotidiano, ora incorporados ao meu, além de chás, sementes e rituais  - carinhos -  um jeito de não se ausentar totalmente.
Deixa também objetos-pretextos, buscá-los depois é garantir o retorno, afinal não dá para despir a carioquice -há tanto tempo incorporada- assim de repente.
Aqui, o que compensa a ausência da amiga é a certeza de que  será feliz para sempre, porque, doravante, o seu maior bem estará sempre ali, pertinho, a poucos andares de distância do seu lar lusitano.


segunda-feira, 19 de outubro de 2009

Rio de Janeiro, Cidade Sitiada



Dois jovens assaltantaram e mataram um cidadão no último domingo, no Centro do Rio, para roubar-lhe a jaqueta e o tênis. 

Paradoxalmente, a vítima era um educador social que trabalhava em favor da cidadania para as populações marginalizadas.



Quantos mais inocentes precisarão morrer para que, ao invés dos factóides, tipo Choques de Ordem midiáticos, tenhamos ações sistemáticas de combate ao tráfico, conscientemente planejadas, de forma a minimizar efeitos perversos, como os jovens desempregados do tráfico, que hoje espalham terror nesta cidade?
Como não prever que essas pessoas de sonhos natimortos, com visão tão estreita de oportunidades, viriam para o asfalto recuperar o prejuízo e matar por um tênis ou quaisquer outros acessórios que os redesenhem à imagem e semelhança dos cidadãos "de respeito".
Sua auto-estima, esvaziada pela ausência absoluta de políticas públicas que lhes garantam educação, moradia, trabalho, dignidade, precisa das grifes para existir minimamente. Afinal, estão plugados na cyber rede, têm "netcats" explorados pelas milícias nas suas comunidades, portanto sabem o que é "in" e o que é "out" entre os bacanas.
Quem nada tem, não tem nada a perder, matar ou morrer, tanto faz...

Hoje não dá para "blogar" com poesia, a realidade me roubou o espaço das amenidades.


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domingo, 18 de outubro de 2009

Tempo, tempo tempo...

Eu queria todo o tempo desta vida
para semear campos
gerar frutos,
transformar espaços,
através dos traços,

dos abraços
e dos afagos no papel


Eu queria todo o tempo desta vida
para colher cores,
reinventar tons,
perseguir contornos,
penetrar minhas raízes

e me descobrir

Eu queria todo o tempo desta vida
para encontrar todas as palavras,
dominar todas as formas
e conquistar infinitas possibilidades

Eu queria todo o tempo desta vida
para expressar o meu amor e desamor
minha esperança e deseperança,
minha paixão e compaixão,
meu desassossego
e até o meu sossego...

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sábado, 12 de setembro de 2009

Data Venia, Carpe Diem


É preciso tocar a vida jurídica
enfrentar a morte burocrática
Agir,
"segura",
"carismática",
muito medo por dentro

Assessoria jurídica,
como vim parar aqui?
Sufocam-me o ambiente
processos, atas,
leis exclusivistas, no sense,
e o cheiro dos velhos papéis

Afligem-me as tristes máscaras
burocratas,
figuras opacas
carentes de vida
Consciências repartidas,
em repartição pública
de público excluido

Trás das leis e das velhas mesas
humanos de terno
- humanidade e ternura ausentes -
analisam, morosamente
-amor ausente -
vidas, desejos , carências humanas
expostas em papéis numerados,
exaustivamente processados
- burocracia efetiva, sem afeto -

Defendo-me,
divago:
quais histórias guardam,
quais segredos escondem
aquelas mesas e gavetas?

Imagino:
Nos cantos das prateleiras
e no fundo das gavetas
traças gordas adormecidas
aguardam,
quando o silêncio,
o retorno à farra gastronômica

Constato:
Ali, o ecossistema garante:
Humanos ganham o seu pão
com o pão das traças;
alimentam a burocracia
e a burocracia os alimenta
e às traças

Um termo em latim
da lei recorrente
me torna ao ambiente
Data Venia? Sei lá o que é isso!
Prefiro Carpe Diem,
diante de um dia que desperdiço
Ou fiat lux, na ausência de dotação,
que reponha as velhas lâmpadas da repartição

Leis mil e mis e sei lá quantos artigos,
alíneas de A a Z,
ruídos de grampos e carimbos
Ensurdeço,
volto pra mim, evito o que já vi,
procuro o que não posso ver ali


Poesia?
Impossível imaginá-la naquele universo
nebuloso, poeirento

Cigarro após cigarro,
aguardo o atendimento
"segura",
"carismática",
muito medo por dentro...

Sinto sede:
"tem água, mas não tem copo,
repartição pública, sabe como é..."
desculpa-se a Secretária,
por instantes solidária

Desisto...

Pela janela,
o Morro da Urca
me rouba dali
Não vejo o verde,
o Corcovado,
nem mesmo o azul do céu consigo
O Pão de Açúcar, me parece dormido,
amargo,
o que está havendo comigo?

Olhar nebuloso,
sigo o bondinho,
ar cansado
hora marcada,
cumpre
seu destino inexorável
Sobe e desce, vai e vem...

Penso na cegueira dos conformados,
sinto-me tal e qual...


Torno à sala,
Fim de expediente,
nada reaje,
tudo igual
Apago o último cigarro do maço
- não sei como ou quando o acendi-

Constato:

Cinzeiros repletos apontam
tensões reprimidas,
tesões esquecidos,
ausência de verbo

Sobre mesas cansadas,
conformadas,
processos em pilhas insistem
e garantem
mais um dia de expectativas públicas
frustradas

Reajo, grito:
Traças, humanos, burocratas, juristas, legisladores e afins,
data venia, durmam tranquilos,
pão garantido ad eternum!

Porta à fora,
escapo,
alcanço o elevador,
e sobrevivo
aos dez andares descidos,
naquela máquina emperrada

A rua me acolhe
me envolve de gente,
de passo apressado,
de vida que pulsa,
me acena,
exige,
e me obriga ao compasso
e à ânima,
em clima de fim de tarde

Decido:
Renuncio ao benefício,
rejeito as benesses da morte,
esqueço aquele endereço

Rumo de volta ao meu norte,
lá onde o medo não alcança,
relaxo
e resgato a canção de Gil
que me diz:
"sou feliz por um triz..."

Escrevi há algum tempo e, volta e meia, retorno a este texto para exorcizar o meu pânico de burocracia, principalmente na área jurídica.

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quarta-feira, 19 de agosto de 2009

Tamiflur - The one

Uma mídia de pautas óbvias, muito assunto para preencher noticiários. Quanto mais anúncios de óbitos, quanto mais paranóia, quanto mais ibope.
Perplexidade...
Histórias não reveladas de constrangimento e isolamento, agonia e mortes de periferia, perverso destino de quem não pode pagar pela saúde.
“- Creusa, essa aí que apresenta o jornal teve gripe suína.
- E tu acreditou, ném? Gripe suína nada, é frescura, tá aí toda bonitona, nem morreu...”
Ingenuidede, desamparo...
Gripe suína, um achado, O medo que não cresceu pelas aves, há quatro anos atrás, ganhou peso na imagem estereotipada do porco. Afinal os porcos não são frágeis e românticos como as aves.
Marketing perfeito, o target demanda, ansioso e desesperado, o produto. E eis que ressurge a solução mágica, o salvador, the one, o TAMIFLUR – aquele que não decolou na gripe aviária.
Gel, máscaras, suplementos e afins, inflacionados, ganham popularidade e vendem, no viés da oportunidade, como bananas em fim de feira,, .
Euforia na indústria farmacêutica, abaixo a crise, delírio dos camelôs: "Olha a máscara da gripe do porco, uma por cinco, três por dez Real! Aqui na na minha mão, Tamifrú e gel...!"
Mercado negro oficial e oficioso, há espaço para ambos e um cheiro comum de chiqueiro maltratado...

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quinta-feira, 13 de agosto de 2009

O caos é criativo!

Quando, de repente, a vida se apresenta caótica e aquela luzinha no fim do túnel não acena, penso que alguma nova (e inusitada) ordem está sendo criada pela interação dos acontecimentos, mesmo que não haja a menor coerência entre os fatos.
A imprevisibilidade do resultado assusta, porque nos furta a capacidade de controle da situação.
Perdemos a mão do nosso destino, não somos mais verbo, a cena assume a quarta parede, estamos espectadores comuns. ansiamos os próximos atos, tememos o desfecho.
Não há equação a compor, apenas perplexidade e muito cansaço
Assim estava, assim me sentia, até lembrar que do caos surgiu este planeta, surpreendentente lindo, perfeito, ainda que a partir de um primeiro momento de escuridão total.
Insigt! O caos é criativo!
E a fé se instalou.
Pude então acrescentar àquela química incompreensível e aleatória toda a energia e ação positiva possível de forma a vislumbrar a luz, conquistar o protagonismo, voltar a ser verbo.
E , dentre vários bons e surpreendentes resultados, o raiozinho de Sol voltou , meu Sol se recompôs e , como na Terra, a luz se fez...

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terça-feira, 4 de agosto de 2009

Raiozinho de Sol

Hoje, meu outro raiozinho de Sol não voltou à casa e o dia ficou embaçado , o pensamento estreito a ponto de me roubar as palavras.
Tudo estéril, até que minha pequenina volte trazendo parte da luz e do calor que me inspiram, aquecem e alimentam a alma.
Enquanto espero, permito que minha mente me leve a lugar nenhum e, sem resistir, me calo...

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quarta-feira, 29 de julho de 2009

Ansiedade

Tenho em mim a urgência da vida,
ainda,
a ansiedade orgástica de quem tem muito a descobrir,
despir passados
e me envolver de futuros
- do inesperado que virá-
sempre ,
surpreendentemente banal,
ainda assim,
surpreendentemente novo,
como a grama nos campos,
quando banhada de sol depois da chuva...

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sexta-feira, 24 de julho de 2009

Apenas um cisne

Distraída, doida, sei lá qual rótulo permanece.
É porque nem ligo mais, já sobrevivi a tantos outros ...

Mas também, o que esperar de alguém que pensa demais, tem labirintite e é míope desde criancinha ? Ah, naquela época era a desligada, a estabanada, pelos muitos esbarrões, que algumas vezes resultavam em prejuízos e punições.
Isso quando não levantavam a hipótese de alguma mediunidade que
justificasse meus passeios, muro do quintal afora, conversando com alguém que ninguém via, apenas um amigo imaginário que falava o meu idioma.

Não, que ninguém me veja aqui escrevendo, caras e bocas, quicando na cadeira, pé pra cima, pé pra baixo, mal me ajeitando quando me pego torta...
Não, que não me reparem andando na rua em dias de pensamento farto e labirintite. Fica tudo muito amplo, sobra motivo e espaço para entortar o passo, textos e desenhos em materialização.
E a sensação de ausência do meu corpo físico, quando estou pintando, horas de levitação e repetição da melodia eleita para enfeitar o ato? Esta dá um milhão de rótulos e especulações.
O contentamento do ato de criar me rouba o prumo.
Lembrei disso, ao ler o comentário da Ada sobre o meu post que trata da relação melancolia/ser criativo. Do comentário transborda a tristeza, a solidão que se sente ao ser julgado por agir e pensar diferentemente do senso comum.
E fiz uma viajem ao passado, debrucei-me naquelas dificuldades de infância e juventude, felizmente empalidecidas em tempo e memória.
Já me perdoei.
Respondi ao comentário de Ada, lembrando a história do patinho feio. E de quando descobri que não acertava o nado sincronizado simplesmente porque era um cisne. Nem melhor, nem pior do que os patos, apenas um cisne.
A descoberta da minha real natureza foi o meu grande atalho salvador. Daí para me perdoar, proteger minha auto-estima e sobretudo assumir o meu destino foi um pulo.
E, na mesma medida, perdoar aqueles que insistem em me rotular ou acertar o compasso do meu nado livre.
Da mesma forma, o nado sincronizado, coreografado pelo senso comum, não mais me causa estranheza. A cada natureza um destino.

Quanto à melancolia, como evitá-la em tempos tão difíceis deste planeta adoecido?
Só que hoje ela apenas se avizinha, aqui não reside mais...


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terça-feira, 21 de julho de 2009

Assinatura II

Tudo o que deveria ser dito

tudo o que poderia ser dito
é tudo o que sempre interessa
Dizer é um dever,um direito.
um jeito
de viver verdades.
acatar o destinado pela tua vontade.
Omitir-se, calar-se
é apenas um jeito covarde de roubar a vida
(entregar-se)
e entregá-la às traças
e aos livros vazios de histórias.
É condenar-se
(e condenar o outro)
ao silêncio do nada
ao vazio das possibilidades
ao não sonho de uma existência
plena,
livre

e assumidamente dita.

 


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quinta-feira, 16 de julho de 2009

Bem-vinda à mãe África!!!

Um cântico à Virgem entoado em dialeto africano despiu-me do presente e me remeteu à infância em colo pleno de amor de Maria Antonia, minha avó paterna, meu elo com a mãe África, uma preta linda, sábia e feliz que me criou. 
Era exato o cântico que ela entoava para embalar o meu sono o mesmo hino à Virgem, divindade que delineou a minha fé, minha referência de acolhimento e proteção.

Entendi aquele momento como uma permissão à minha entrada no Quilombo, a resposta inesperada e imediata ao meu pedido de licença. Braços de Maria Antonia em meio aos seus irmãos me acolhiam como que dizendo: - Bem-vinda ao ninho!
Foi um dia lindo, beleza e sensibilidade à flor da pele, lágrimas que teimavam em traduzir afetos, emoções e uma imensa vontade de envolver a todos num forte abraço, para expressar a minha gratidão, pois que, ali, me foi permitido resgatar o elo e reencontrar a minha criança.
A criança que encontrou a Vó Antonia, que lhe pediu para não mais lembrar o 13 de maio como aniversário de sua morte, porque neste dia ela festeja nos Quilombos, canta para a Virgem, saúda os orixás, inspira as cozinheiras da festa e dança nas rodas de jongo.
Não há tempo para vir me consolar..
Quilombo São José, em festa de 13 de Maio, quase um sonho, um reencontro espiritual com as minhas raízes, um colinho de Vó...

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domingo, 12 de julho de 2009

O ser criativo e a melancolia

Por que será que os poetas, filósofos, artistas... são tão melancólicos? Aristóteles
Penso que é porque os criativos são dotados de uma percepção mais ampla das circunstâncias humanas. Vamos combinar que esta visão às vezes assusta, principalmente quando reflete as nossas próprias limitações.
O lado bom é que, passado o susto, o medo, os tropeços, em algum momento o instinto de preservação é acionado e aí vem a força criadora para reagir. E com a mesma intensidade com que se entregam à melancolia os criativos dedicam-se a buscar seus atalhos salvadores.
Acredito na arte como instrumento importante para o enriquecimento do sentir, do pensar, do criar, portanto a ser socializada para que transformemos o pensamento de Aristóteles: - onde se lê poetas, filósofos, artistas,... leia-se o ser criativo. É certo que o ser humano é potencialmente criativo.
Não que a melancolia seja um sentimento desejável, agradável, perceber o lado sombrio da condição humana é claro que dói, mas revela o sintoma que aponta para o remédio.
O criativo, portanto, sai na frente em termos de cura e cada passo adiante neste percurso deve ser comemorado, para que os efeitos colaterais do processo curativo sejam suportados.
Ao assumir as rédeas do próprio destino, conquistamos os louros da independência, criamos anti-corpos para combater a inércia, assumimos o ônus das decisões equivocadas.
Assim, não mais há tempo/espaço para culpados, tudo é urgência para mudar o rumo e ajustar o leme de volta ao norte, lá onde nos aguarda a missão.


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sábado, 11 de julho de 2009

Fernando Pessoa, mágico e inspirador!




"Procuro despir-me do que aprendi/
procuro esquecer-me do modo de lembrar que me ensinaram/
e raspar a tinta com que me pintaram os sentidos/
desencaixotar as minhas emoções verdadeiras/
desembrulhar-me e ser eu..."


Pessoa/ Alberto Caeiro
(trecho de
O Guardador de Rebanhos -1911/1912)

Atualíssimo e oportuníssimo, quase cem anos depois..
.

sexta-feira, 10 de julho de 2009

Será preciso morrer para ser absolvido?

Finalmente absolveram Michael Jackson, pena que ele precisou parar de respirar para que isto acontecesse.
O que a maioria não percebeu é que ele já havia morrido há muito tempo, porque não tinha mais auto-estima, haja vista a desenfreada tentativa de "melhorar" a sua aparência, a ponto de não mais enxergar as deformidades que adquiria, a cada intervenção.
Enquanto isso, os paparazzi perseguiam um "big close" do astro, tristemente bizzaro, para se alimentar e alimentar a indústria do entretenimento, que também alimenta o espaço mais sombrio dos sentimentos humanos. Triste cadeia alimentar da ambição desmedida, da inveja e da intolerância.
Pelo crime de brilhar e surpreender o mundo com a sua genialidade, Michael Jackson teve sua sentença selada por uma inquisição globalizada, com poder de visibilidade capaz de envolver toda a comunidade planetária numa execução mais lenta, mais sutil, mais criativa, mais afinada com este triste hiato de valores espirituais que permeia a pós-modernidade.

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