sexta-feira, 23 de dezembro de 2011

Dezembranças

      Mais um Dezembro que chega, de repente, anunciando a urgência em se resumir o ano em festas, uma forma de minimizar a frustração ao se constatar que o tempo escorreu pelo calendário, sem que tivéssemos tempo de realizar a vida, tal como a sonhamos nos primeiros dias de janeiro.
São as dezembranças a quebra de rítmo para esfriar o jogo e provocar um hiato na realidade.
         É quando, de uma hora pra outra, toda a cena se enfeita, cores e luzes se multiplicam em efeitos mágicos, tão mágicos como a história do menino salvador contada em cenas de presépios estrelados, tão mágicos como os Papais Noeis que sempre retornam, pois que são os guardiões das promessas e das doces memórias de infância.
        Em Natais, tomados de encantamento, somos correntes humanas de esperança e, sentimentos à flor da pele, vestimos pele de gente, deixamos o carinho acontecer.
         E, até que os festejos de Ano Novo nos remetam ao day after, somos mágicos também, tiramos muitas cartas da manga, iludimos a realidade para não morrer de concretude...

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terça-feira, 24 de maio de 2011

Entressafra...

Episódios intermitentes de fobia digital, outras viajens, tempo curto, cansaço, sono, espinhela caída? Sei não...
Volto logo,
beijos

quinta-feira, 24 de março de 2011

Chora, Março!

Chora Março,
em fim de estação,
lava, leva
o sonho raso, 
a cena inútil
em ribaltas de Sóis

Chora, 
despromete, 
desavisa,
desaponta,
despe!

Diz-me que o amor aqui já não há
- diz-me apenas -
e permite que eu não acredite...


Outono 2011

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domingo, 6 de março de 2011

Universos

Universos I ( pastel seco e têmpera sobre papel)
... em mutação,
pois que, no próximo instante haverá o que acrescentar, estamos em processo, sempre em aberto,
num movimento constante de-vir a ser...
No exercício da arte me investigo, penetro sombras, amplio o olhar

e alcanço os infinitos signos que transitam meu inconsciente
particular e coletivo,
acato os mais íntimos receios e desejos, desvelo memórias e atavismos
e expresso em metáforas as múltiplas faces da minha essência,
não visíveis a olho nu
e não definíveis em palavras.

A arte me permite dizer o indizível,
mergulhar espaços onde todo o ser e todo o fazer é permitido,
exercer plenos poderes, viver verdades,
ser o meu livre estar para ser...

Pela arte convivo múltiplos universos, que habitam o meu universo, 

onde também habitam
todas as pessoas que aportaram em minha vida
e se instalaram em mim

Pela arte, sou plural no singular, sou Universo.
Eu e todos, 

Nós - Interações- Somas- Percepções
Sínteses passo a passo ou passos quadro a quadro
Recortes dos meus passeios pelo planeta azul e suas conexões...


Nota: Texto para a exposição Universos, uma forma de responder , ou não, à clássica pergunta, "o que você quis dizer..."

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sábado, 22 de janeiro de 2011

O Voo dos Anjos

da varanda... Marcia et Thierry Larignon (dos Anjos)
Tem um pontinho vermelho no sudeste da África, em meio ao Oceano Índico, no globo terrestre que marca visitas a este blog, indicando que alguém ali acessou o Comentalidades.
Pesquisando o mapa descobri Mayotte, ilha perto de Madagascar que de tão pequena precisa de considerável zoom no mapa do Google para se revelar.
Mayotte, da Marcia, a dos Anjos, que encontrou um chevalier ailé, que lhe despertou asas, que não sabia tão grandes.
Voar, como legítima dos Anjos,  pura vocação, a força do voo conquistou pelo amor, uma bela história de amor e entrega ao seu amado e a um mundo sem fronteiras.
O porto seguro em Mayotte , um pequeno/grande lar que tem um jardim perfumado por frangipanier e ylang ylang voltado para um  mar de sol nascente, onde a linha do horizonte  sugere conquistas infinitas, bem como preferem as criaturas aladas...

domingo, 16 de janeiro de 2011

Tragédia e cegueira

O texto de Arnaldo Bloch traduz com muita propriedade a minha perplexidade, tristeza e indignação, diante das tragédias que se repetem nas periferias das cidades e de um Estado que segue impune e rotineiramente cego diante do desastre iminenete, pois que muitas vezes é conivente com as  ocupações irregulares nas encostas.
Eis o link:
http://oglobo.globo.com/blogs/arnaldo/#356959

terça-feira, 4 de janeiro de 2011

Pas de Deux (Ato II)

Não,não há roteiro
não há matéria que caiba
no ato
improvisado
Não,
não há roteiro
não há matéria que caiba
no amor para sempre
inventado

Vem,
por enquanto roubemos as cenas
e a pele preservada
Sejamos reféns de sonho só,
cúmplices em ser só luz
pura melodia de anjos...

Amantes alados,
dancemos um pas de deux
dobrado
bindemos às noites de sexta,
âs luas de cio,
suor
e encontros...

Rápido,
enquanto a noite permite
que a luz difusa da Lua
compactue,
mal ilumine
e embeleze as cenas

Até que caia o pano
e as mesas voltem ao lugar
e convidem o dia a sentar

E a luz solar implacável,
imparcial,
cruamente
Nos faça concretos
Nos torne ao roteiro
Nos cubra da gente...

Pas de Deux em Caixa-Poesia-Partitura  / Lou Magalhães Arte

O que seria de nossas vidas se não pudéssemos fabricar novidades?

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