sexta-feira, 12 de novembro de 2010

A Primavera , o Antirrhinum e as Minhas Sementes


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Para Matheus, que hoje faz 11 anos, adora ler, escrever e plantar- e tem um jardim/horta na janela do quarto; Sophia, 2 anos, que adora tirar umas folhinhas da minha Árvore da Felicidade - e quando é flagrada faz carinha de amor, lança aquele sorriso irresitível e finge que está só fazendo carinho ; e para Valentina, 4 meses, minha gorducha que adora mamadeira e colinho - e que certamente vai seguir o caminho dos dois. 
São os meus amores, sementinhas de minhas filhas, as meninas que nasceram na primavera e que inspiraram esta "viajem", em alguma primavera um tanto distante, quando plantamos Antirrhinum, ops, Boca-de-leão.


Olá, criança, meu nome é Antirrhinum! Não ria dele não, fico envergonhado. Já tentei inventar um apelido bonitinho tipo Anti, Rrhi, Num, Munanti, Muna... Não deu certo

Se ao menos aquelas margaridinhas chatinhas que moram no canteiro ao lado parassem de me zoar...

Fiquei chateado com meus pais. Podiam me chamar João, Pedro, Matheus,Leonardo, igual aos meninos que brincam aqui no jardim.

Meus pais me explicaram que umas pessoas aí, que entendem de plantas inventaram este nome para nossa família porque gostam de falar difícil e também porque não gostam de misturar o nosso nome com o nome deles - ou do filho deles.

Eu não me importo de misturar.

Pra piorar, ainda tem gente que passa pelo nosso canteiro e diz: Olha a Boca- de- Leão como está florida!

A primeira vez que ouvi isso, fiquei ofendido. Perguntei aos meus pais se a gente mordia.

Daí eles disseram que também existem pessoas que não entendem nadinha de plantas e não fazem questão de falar difícil. E que elas nos chamam assim porque nossas flores parecem "boquinhas" de leão.

Bem, falando assim, "boquinhas", fico mais satisfeito.

Meus pais disseram também que estou é precisando crescer, virar planta para me sentir mais útil e importante. Daí, eles acham que nem vou ligar para o meu nome. Será?

Tá legal, vou sair daqui no primeiro "vento da primavera" que passar. Dizem que ele passa todo o ano e carrega sementinhas de um lado para o outro, porque adora enfeitar o mundo com flores.

Talvez o vento me leve para o seu vasinho, e então vou crescer junto com as sementinhas que você vai plantar.

Vou contar o segredo delas: São iguais a mim. Têm aquele nome, que não vou repetir porque fico envergonhado de novo. Para crescerem, elas precisam dormir dentro da terra fofinha por uns tempinhos. Lá elas tiram comidinha da terra e bebem a água que você dará todos os dias. Assim, tratadinhas vão ficando fortes. Daí cresce um cabinho aqui, outro ali, uma folhinha acolá, e  de repente nascem lindas flores coloridas para enfeitar o seu jardim.

Ah! Se o vento me levar para o seu vasinho, não se preocupe, eu me ajeito num cantinho.

Mas, por favor, quando eu aparecer me chama de Pedro, João, Matheus, Leonardo, ou...


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segunda-feira, 6 de setembro de 2010

Conversa com o poeta

"... Ora acertando com o que quero dizer, ora errando,
Caindo aqui, levantando-me acolá,
Mas indo sempre no meu caminho como um cego teimoso
."
Ainda assim, sou alguém.
Sou o Descobridor da Natureza.
Sou o Argonauta das sensações verdadeiras.
Trago ao Universo um novo Universo
Porque trago ao Universo ele-próprio"

(Fernando Pessoa/ Alberto Caeiro- 
Trecho do Guardador de Rebanhos)

 , colocar um ponto final no imponderável e, como diria um poeta amigo meu, ”repetir a vida"
Ou
Despir equívocos compulsoriamente herdados
Viver os próprios (inevitáveis)
E construir aprendizados
Ou
Dizer sim aos seus quereres
Dizer não àquilo que não quer,
Experimentar, experimentar-se

Ser ( gostar de sê-lo)
Exercer-se, plena e conscientemente 


E acatar o processo, 
A dor de crescer
E ter que delegar a si mesmo
Acertos e desacertos,
Permitir ou não permitir,
A coragem de viver verdades / a real expectativa,
O desafio de preservar o sonho na real personagem

Perdoar, perdoar-se
E caminhar em paz e segurança ao seu destino

E no despojamento
Na simplicidade da intenção e do gesto,
Na busca e valorização do bem conquistado
A cada noite sonhado
A cada dia ofertado
Orgulhar-se da missão
E
Re_descobrir o seu Deus interno
Re_conhecer o amor pleno,
Amar,
Amar-se
E não se sentir mais só...

Assim penso e, tal como Pessoa, "se o penso sem esforço é porque deve estar bem" 
Lou Magalhães


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terça-feira, 29 de junho de 2010

Revolta Ortográfica

não gosto de pontos finais!

embora reconheça que do ponto tudo começa, a geometria me diz que um ponto só não desenha, nem expressa movimento
no texto, então, é pura pretensão decidir o final com um ponto, como se nada mais houvesse a dizer ou pensar,


porque
as histórias não se esgotam em si mesmas, prefiro interrompê-las com pontos desdobrados em reticências animadas, lúdicas, caminhantes, teimosas ao rejeitar o esgotamento do ato, misteriosas ao ocupar o espaço dos segredos, visionárias ao apontar o que não se viu antes


se é pra continuar,
também posso usar as vírgulas , pontos unidos em desenho de curvas flexíveis, acolhedoras, com perfil de lua crescente,
pra dizer mais ou deixar pra quem lê a liberdade de colocar apostos, esclarecer, contestar, desvendar o que está por - vir...


com o ponto e vírgula tenho reservas, afinal ainda não entendi se o ponto sobe na vírgula para submetê-la a uma pausa maior ou se é a virgula que, num gesto de delicadeza, se coloca debaixo do ponto pra suavizar o hiato


na dúvida... bem, a tecla do ponto e vírgula aqui está semi-nova ...


até porque,
quem mora com eles no teclado é o dois pontos, hiato grave, um sopro ao contrário, uma pausa para dizer, organizar, esclarecer, citar
até digna,
mas pouco recorrente no desenho dos meus textos,
recheados de pausas-apartes-vírgulas e interrupções-reticências,
sígnos de sopro pra fora, em tempo e rítmo do meu respirar


aproveito o desabafo
pra reclamar o fim do trema, pontos em pas de deux sobre alguns palcos de us, para subverter o som de alguns qu_s e gu_s , rebeldia que as gerações futuras não vão praticar

- em ato de protesto, ainda escrevo com trema e apago pra publicar -

implico também com maiúsculas, 
gritos furando o tempo, quebrando o silêncio das pausas de pontos que continuam
e porque exaltam, igualmente, luz e sombra em verbetes


Amor, Compaixão, Lealdade, Gentileza, Arte, Poesia, ...
palavras essenciais ao espírito, algumas esquecidas, outras banalizadas,
essas sim demandam gritos de caixa alta nos textos...


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sexta-feira, 18 de junho de 2010

Cansaço ou Tristeza?

   Pois é, tem dias que um certo cansaço nos toma de tal forma que não há como evitar aquela expressão quase trágica que vai se desenhando no corpo físico, somando traços - vincos - ao desenho dos tantos outros cansaços vividos.
    É o cansaço de tristeza, está tudo dito ali naquela máscara compulsoriamente colada ao rosto, em corpo de contornos opacos, como que roubado de energia vital.
    Uma tristeza evidente que tentamos negar, pois que é um estado de espírito que  carrega em si uma certa indignidade - a tristeza frequenta o grupo das fragilidades humanas.   Puro orgulho e falta de senso de oportunidade.
    Não seria melhor encarar a tristeza de frente, reconhecê-la e exorcizá-la em tempo de evitar que se cristalize em nosso corpo físico e espiritual?
    Penso que, ao mergulhar em nossas sombras, nos habilitamos ao entendimento dos porquês de nossos limites e das tantas repetições de padrões, que já sabemos equivocados e que, volta e meia, nos atiram em queda livre ao fundo do poço.
    É preciso ter coragem para ficar triste...   
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domingo, 11 de abril de 2010

O lixo saiu de baixo do tapete!!

O Ministério Público vai apurar responsabilidades do governo nas mortes em consequência das chuvas no Rio (matéria de O  Globo on line) http://oglobo.globo.com/rio/mat/2010/04/10/ministerio-publico-vai-apurar-responsabilidades-do-governo-nas-mortes-em-consequencia-das-chuvas-no-rio-916309962.asp

COMO ASSIM???????


O lixo saiu de baixo do tapete, literalmente sepultou inocentes e nos envolveu em tristeza, perplexidade e indignação:   
E quem criminosamente escondeu a cidadania no lixo maquiado está por aí, soltinho, argumentando desculpas esfarrapadas na mídia.
Como assim? Tem suspeitos evidentes nesse crime e ainda vão investigar?
Se fossem cidadãos comuns, como seriam tratados?
Cheiro de pizza no ar...
Mas, raposas velhas que são, abastados pelos cofres públicos, terão criatividade, tempo e dinheiro para subornar testemunhas e comprar bois-de-piranha para arcar com as suas culpas.
E tudo ficará bem para eles, porque nem a consciência lhes pesa, eles não sabem o que é isso.
 
Cabe a nós, cidadãos decentes, embora ocupados em trabalhar para o sustento de nossas famílias e para não sucumbir às pressões dos impostos que escorrem pelos bueiros da corrupção, não deixar cair no esquecimento toda essa tragédia, quando a mídia jogar a notícia para a quinta página.


Sinto muito, mais uma vez a realidade me rouba o espaço das amenidades...

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sexta-feira, 26 de março de 2010

Dia feliz

"Fica decretado que, a partir deste instante,

haverá girassóis em todas as janelas,

que os girassóis terão direito

a abrir-se dentro da sombra;

e que as janelas devem permanecer, o dia inteiro,

abertas para o verde onde cresce a esperança "
 
Estatuto do Homem (trecho) Thiago de Mello



Dia feliz!

 E que o amor permaneça belo, farto e pleno de luz,
como um campo de girassóis!

Beijo com amor Roberta, Flavio, Sophia e Valentina!

sábado, 6 de fevereiro de 2010

Continua lindo!


Para compensar os 40º que derretem até a alma , o Rio de Janeiro nos brinda diariamente com cenários belíssimos, ao cair da tarde.
Continua lindo!

segunda-feira, 11 de janeiro de 2010

Cirque du Soleil


Deslumbrante!!!


Deu vontade de beijar o palhaço, chapliniano total!


De novo aquela vontade de dar um duplo mortal e fugir com a trupe!



 Matheus achou que paguei mico, é claro! rs...
No fundo ele acha legal.



Esplêndido, imperdível!

Fotos: Luana Magalhães

O Circo

www.wspabrasil.org



    Ela não comprava balas no circo, gastava todo o seu dinheirinho com as fotos dos equilibristas e trapezistas, uma forma de levar o circo para casa, alimentar o seu sonho de voar, desafiar os abismos, lá onde moravam os seu medos.
    E voava por semanas com as fotos expostas em seu quarto, até que uma nova  brincadeira de quintal aquietasse seus planos de fugir com a trupe.
    Dos palhaços não guardava fotos, o riso solto que expressava alegrias e escondia tristezas estava sempre ali, impregnado na alma, havia roubado do primeiro palhaço que conhecera.
    Roubara deles também a ingenuidade chapliniana, que lhe conferia sensibilidade, a feição dos bobos sonhadores e o status de destrambelhada.
    Lona ao vento, traçou seu norte, mergulhou em futuros. E aprendeu que é preciso força para sobreviver às quedas no vazio, coragem para encarar os medos e uma boa dose do humor e da esperteza velada dos palhaços para reinventar-se e resistir.
    O circo sempre foi e sempre será a sua grande metáfora...
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